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terça-feira, 7 de abril de 2015

Vai ver vocês se dariam melhor juntas do que nos.
Ela gosta desses livros que você também lê, um pós infanto-juvenil meio bizarro (sem preconceitos), enquanto eu leio esses velhos barbudos que não se dão o trabalho sequer de sorrir pra retratos preto e branco e  falam de teoria social.
E ela fotografa - preciso reconhecer que faz isso bem- e você também! Já eu não sei reconhecer a sutileza de uma foto. Indelicadeza minha.
Vocês tem bandas em comum, sabe? Eu aposto que ela pagaria VIP só pra estar mais perto da cantora de rock nacional.
Essas proximidades, de fato, aproximam. Mesmo que eu não queira. Os ions que habitam nossos corpos infelizmente não se repelem nesse caso.
Eu só perguntaria se ser tão parecida é acaso ou desespero.
E você sabe o que eu responderia.
A felicidade vulgar foi para o espaço

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vai ouvir o blues do vizinho solitário, do apartamento 304, do terceiro prédio, há duas esquinas de onde você está;
Vai acreditar que a cada segundos, quando um metal ou uma madeira qualquer desse edifício se comprimir de frio, são tuas chaves entrando pela fechadura;
Vai testar mentalmente todas as hipóteses que nem os mais brilhantes gênios poderiam imaginar;
Vai sentir a dor, como se seus músculos, tensos, a qualquer momento pudessem desmembrar-se, embalados pelas expressões externas de alguém em desespero;
Vai sofrer a agonia de uma mente perturbada, que grita e chora e esperneia;
Vai. Só não vai entender que o que eu digo sobre o que você faz, tem proporções diferentes, quanto a sua e a minha interpretação;
Vai, quem sabe, arrisca-se em viver tua liberdade. Solitária;
Vai, mas vai sabendo que ninguém no mundo aguentaria isso, da forma como aguento;
Porque são proporções. Inversas. Proporções de alguém que carrega consigo, constantemente, a perturbação.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

E você volta.
Me dá uma desculpa esfarrapada.
Conta uma mentira mal contada.
Mas não importa.

E eu.
Eu acredito, porque, amor
Não se ama para mais ninguém
senão para si mesmo.

Ainda com toda nobreza
insistiremos em acreditar
E humildade não vai faltar
Já que nos iludimos
e na mais plena verdade
alguém sempre precisa
mais que o outro
voar.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cidadania de Segunda Classe

"A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora"
(Caetano Veloso - Desde que o Samba é Samba)

Isso é sobre o DG. A Claudia. Sobre Amarildo. Sobre os nomes que não tiveram um espacinho na mídia. Sobre os Silva. Os Jacinto. Sobre a impunidade. A injustiça. A elitização da seguração "pública".
É sobre, mas não só sobre, é também para quem critica a regra como se fosse exceção.

Sobre apropriação de discurso.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

"Eu prometo não te prometer nada
Nem te amar para sempre
nem não te trair nunca
nem não te deixar jamais.

Estou aqui, te sinto agora
sem máscaras nem artifícios
e enquanto for bom para os dois que o outro fique.

Nada a te oferecer senão eu mesmo
Nada a te pedir senão que sejas quem tu és
a verdade é o que de melhor temos para compartilhar.

Tuas coisas continuam tuas e as minhas, minhas.
Não nos mudaremos na loucura de tornar eterno
o que pode ser apenas um breve instante.

Se crescermos juntos
ainda que em direções opostas
saberemos nos amar pelo que somos
sem medo ou vergonha
de nos mostrarmos um ao outro por inteiro.

Não te prendo e não quero que me prendas
Nenhuma corrente pode deter o curso da vida
nenhuma promessa pode substituir o amor
quero que sejas livre como eu também quero ser.

Companheiros de uma viagem que está começando
cada vez que nos encontramos novamente."
_________________________

Geraldo Eustáquio de Souza

terça-feira, 8 de abril de 2014

Em algum momento da minha vida me vi rodeada pela necessidade de questionar. Eu não sei quando foi que isso aconteceu, mas, como uma doença silenciosa, alastrou-se e no decorrer do tempo e me fez chegar aos dias de hoje. É essa minha essência. Sou presa à necessidade de desconstruir, e vai além disso, de perceber como as coisas se dão, ou quão subjetivas se permitem para simplesmente existir. Mais do que me questionar, eu exigia de mim respostas. As respostas, assim como as perguntas, têm seu desenrolar tão tênue que era praticamente impossível de se obter, e mesmo com essa consciência eu a buscava. E buscava. Buscava.


Mas sinceramente, não era isso o que eu queria. 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Não sei. Sinceramente, eu dançaria todo esse mosaico da rua XV com qualquer música que estivesse tocando na minha cabeça naquele momento. Não sei.
Hoje eu acordei meio assim. Nem pra lá e muito menos pra cá. São esses os abençoados (ou não) dias que tiro pra me questionar sobre tudo, e olha: não sei.
Eu penso, repenso, procuro sentido, perco sentido e talvez eu até sinta. Mas ai. Nem discuto, sabe? Porque, afinal de contas.
Eu só consigo, olhando esse teto que absorveu toda a possibilidade de cor, imaginar que sou um grande parentese. Desse que pra uns acrescenta e pra outros só confunde. Isso, bem esse que quando a gente tá cansado, pula.
Mas eu só imagino porque não sei.