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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nasci do Lake Erie.

Teve um dia em que eu estava passeando de barco, quando em “alto mar”o barco parou. Não era um lago qualquer, e eu nem sabia muito sobre ele, no máximo que era muito fundo e muito gelado também. Eu nunca havia tido uma experiência tão próxima com água, na verdade, não sei nem se posso dizer que sabia nadar.

Mas naquele dia, mecanicamente me dirigi para a saída, e observando a distância entre o barco e a água, além de seu movimento de oscilação, pulei. 

Eu não tinha absolutamente nada que me desse segurança, não tinha colete, corda, nem o fundo próximo dos meus pés e muito menos a borda próxima das minhas mãos.

Depois que pulei, senti como que se não existisse força nenhuma sobre mim, e como se eu fosse algo insignificante no meio daquela imensidão azuladamente vazia. Eu afundava, afundava, afundava... e quando abri os olhos, vi a luz na superfície ficando cada vez mais distante. Qualquer movimento que eu fizesse era inútil. Eu havia me tornado parte daquele todo cheio de nada. Olhei para o meu corpo e ele se movia no ritmo das ondas, e meus olhos cobertos de azul escuro, já previam a dor da água entrando nos meus pulmões. Mas não consegui me assustar, foi tão natural. Era como se eu estivesse sendo consumida pela natureza, e a luz do sol que eu via do lado de fora, fosse o que sobrava de mim.

Foi ai que eu senti que algo ainda me pertencia, e o vento frio de julho tocou a ponta dos meus dedos que fugiram daquele lugar. Aos poucos, todas as partes de mim passaram a ser as mais sensíveis existentes no universo, e meus membros obedeciam minhas vontades. Eu movimentava meus braços e minhas pernas que pareciam quebrar icebergs a cada metro atingido.

Então, encontrei a escada do barco, subi. Ri de mim mesma por alguns longos minutos, e quando senti o peso da necessidade de ser alguém, outra vez,  deixei que meus pés escorregassem de novo para dentro de um lugar onde não houvessem limites para mim. Lá onde meus pensamento e sentimentos divagavam sem fronteiras. Dissolviam-se.  Onde tudo se tornou um só, desafiando todas as ciências e os métodos.


Foi assim, e é assim sempre, todos os dias.