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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mariana.

Verdade absoluta ou desequilíbrio racional, não sei.
Pra mim o céu é a apaixonado, é apaixonante, é amor.
Vai dizer que não te surge alegria por dentro ao tentar acompanhar a imensidão, ao vislumbrar beleza sem fim.
Tá ai, mais uma coisa, é infinito. E eu não digo que é apaixonado?
É calmo em vez, acalma.
Mas tem dia que explode feito vulcão, coração em erupção.
Ouso um pouco mais: céu e mar tem um romance. E digo que é o romance mais lindo que já vi.
O sol se esconde tímido atras da nuvem, mas se tu faz uma caricia ele volta a sorrir, brilha.
Ah, como é linda essa paixão.


Já tem dias que tenho sido tomada por sensações passadas, é como fechar os olhos e voltar ao passado, sensações boas, ruins, sensações exatas. É como reviver, é a mesma reação fisica, resposta psicologica em qualquer situação, é a mesma. [...]

[...]Era uma tarde de sexta-feira, primavera, no maximo uns 17ºC.
- Você vai me ver?
- Sabe que não posso, tenho outras coisas pra fazer.

Terminava de retocar a maquiagem, prender algum fio de cabelo que tivesse escapado - mesmo que isso parecesse dificil - "não deixa essa lagrima escorrer porque você acabou de passar o delineador."
Respira fundo e liga pela última vez.
- (respiração)
- Já sabe que não posso.
- Tudo bem.

"Vamos, vamos, me ajuda aqui. O carro já chegou. Vamos nos atrasar. Pega minha bolsa. Ainda não trocou de roupa? Anda, você troca no teatro. Já foi todo mundo? Tá na hora."

O sol já tinha baixado e eu sentia aquele vento gelado tocar a minha pele enquanto nela surgiam repentinos calafrios, como se fossem choques. Me encolhia em um gesto de proteção e desejava que aquilo passasse rápido.
Não que eu não gostasse do que fazia, eu amava, e justavamente por isso em algumas situações se tornara tão pesado.

"Chegamos no teatro. Todo mundo pro camarim, terminem de se arrumar, irão entrar em quinze minutos!"

Esses quinze minutos sempre eram os mais agoniantes, tentava bisbilhotar entre as cortinas do palco a esperança de que alguém se importasse, de que alguém sentisse o mesmo que eu. Mas não, ninguém sentia, ninguém sente.

"Cinco minutos!"

Só vou olhar mais uma vez, é a última, juro.
Só jurava pelo orgulho, sabia que por dentro estava explodindo em esperança, queria que realmente alguém aparecesse e mudasse tudo.

É agora meninas, vamos lá! É a hora de vocês.
Entre o ritmo da música, a coreografia ensaiada durante um ano todo se perde entre olhares. São luzes, cores, sons, aplausos, felicidade de alguns, sentimentos aflorados. Pessoas, tantas pessoas. Um teatro lotado, tantos lugares e eu só queria um único.

Mas ninguém apareceu, nada mudou.

domingo, 18 de setembro de 2011

Já tem tempo que deixou de ser poesia e se transformou em solidão [...]

[..] Mas se poesia é sentimentos, solidão é resultado.

terça-feira, 19 de julho de 2011

You're my angel.

"I've got an angel
She doesn't wear any wings
She wears a heart
That could melt my own
She wears a smile
That could make me wanna sing [...]"


"[...] But you're so busy
Changing the world
Just one smile
Can change all of mine"


domingo, 3 de julho de 2011

Saudade.

"O teu perfume, ainda me prende no desejo de te amar!
O vazio do tempo sem tempo... sem mar,
sem o sabor de outrora.
Os fios dos teus cabelos prendem-se entre os meus dedos
tecendo a minha alma de saudade esculpida pela dor
rasgada pelos gumes, golpeiam trajectos de revolta inalada
pelos impulsos dos caminhos que se cruzam pela
presença dos mais indignados seres que me alimentam
com o gelo
da mármore que reveste outro ser em mim...
Nada dizem, nada ditam, contudo cravejam-me os sentidos
a razão presenteada sobre o justo o se...
Inebriam-me com os seu amargos cálices de fel,
Apelo a todos os meus eus, a todas as minhas almas
Ergam-se da mais remota montanha e façam-me justiça!
Grito aos Deuses mais longínquos deixem-me amar por mais
infame que pareça por mais proibido que seja este s
sentimento
que tanto me atormenta, perante a injustiça daqueles que nada sabem...
mas que julgam! "
(Lara Neses)

Rosa dos Ventos

No pó da estrada
um peito vazio.
Tédio, anseio,
medos, expressões.
Desvios buracos.
Pedras pontiagudas.
Sobram obstáculos.
Constelações caladas,
infinitos medonhos.
Som dos ventos,
trazendo respostas
do outro lugar.
Folhas mortas.
Cacos espalhados
à beira do mar,
levando pro fundo
segredos do ser, do estar.
Pelas andanças
o sol, a pele tosta;
a alma embrutece
a visão conturba.
O calor da vida,
a sede aplaca,
o copo revigora
a dor expande.
Da pedra só o pó.
Das estrelas o brilho.
Do vento só a brisa.
Do mar só as ondas.
Do ser, exemplificar.
Na lida da lida
do sol correr.

(Yara Ribeiro)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Melancolia

Ela estava andando pelos piores lugares da vida, os mais escuros, úmidos, sujos, com aquele cheiro de coisa velha, de pó, dos álbuns de fotografia que ela adorava folhar quando era criança, daquele baú cheio de bonecas, nas quais não deixavam nem ser tocadas, de uma passado nem tão bonito quando parece, essas lembranças que cutucavam a ferida aberta. Ela sentia o gosto amargo do fracasso na garganta, o mesmo fracasso que ardia nas veias. Olhava para os lados e não encontrava o que gostaria de encontrar, se é que sabia o que queria encontrar. Tinha muita neblina, era negro demais para enxergar o que quer que fosse. Não tinha muito que fazer, era um caminho sem volta, por mais triste que essa idéia tenha se tornado.

Ela errou demais, começou rasgando o peito e arrancando o coração, depois por continuar vivendo assim, como se nada tivesse uma conseqüência. E foi errado, errando, errando. No final, descobriu que as conseqüências não eram exatamente por parte do coração. Então ela desejou perder a razão.

De uma forma ou de outra, seus desejos eram atendidos, sabe-se lá porque, mas eram. O fato é que em algum momento ela desejou o que não era certo. Não foi por mal, é que ela realmente não sabia a diferença entre o certo o errado, fácil, difícil.

O que acontece depois de se fazer algumas escolhas erradas? É o inferno em terra. É uma dor imensurável, agonizante, cruel. Não tem como explicar, só sei que dói, e eu nem sequer consigo mais pensar em uma saída, é como se estivesse presa a algo e a tentativa de escapar me prendesse com mais força. Até que perdeu a razão.

sábado, 26 de março de 2011

Mais do que amor.

Era uma tarde, meio vazia. Não muito diferente de outras.
Estava sentada ao chão, abraçando as suas pernas, com os pés descalços, olhando para fora da janela, uma rosa e um céu azul. Seus olhos brilhavam ao refletir do sol, encostou a cabeça na parede, respirou fundo, e sem querer uma lágrima caiu dos seus olhos. É uma coisa que machuca sabe?
Não tenho argumentos muito convincentes para explicar porque eu não te liguei até agora, mas está doendo, você já se tornou meu ar, não consigo viver com a sua ausência. E também, não quero.
Eu me lembro de cada palavra, eu imagino todos os sorrisos, eu desejo os abraços, eu desejo você.
E um dia alguém atreveu a me perguntar se eu estaria apaixonada, obviamente respondi que não.
Então foi mais audacioso ainda, e me perguntou se eu estava amando, mais rápido do que da primeira vez, respondi que não.
Até que depois de algum tempo em silêncio, me perguntou o que havia de errado, se eu não amava, porque sentia tanto?
Pensei em não tentar responder, mas não quis aparentar desinteresse.
- Sabe, quando você cuida de alguém como se fosse sua própria vida. Ou pelo menos, deseja, com o mais profundo e verdadeiro sentimento, poder cuidar?
É como se você não precisasse de mais nada, e acho que realmente não preciso, como se nada conseguisse te alcançar porque você chegou ao lugar mais alto que poderia chegar e atingiu a glória de um humano? É respirar alguém. É olhar para o nada e imaginar tudo, ter momentos que não aconteceram, gravador na memoria, todos planejados para acontecer. Sinceramente, você não vai me entender. Mas é mais que amor, é uma necessidade incontrolável de amar.
E eu acordei, peguei o telefone, e te liguei.
Só pra dizer que te amo, só pra dizer que sinto a sua falta. Só pra dizer que não vivo sem você.

Verão de 97.

Seus pés gelados, na verdade seu corpo todo. As lágrimas cortavam aquele rosto delicado enquanto caiam, eram como pedaços afiados de gelo escorrendo pelos olhos.
Estava quase só, fez daquele silêncio, quase doentio, uma companhia, por dentro euforia, movimento. Por fora a calmaria, agonia, a ponto de que conseguia sentir a pulsação do seu sangue, correndo pelas veias. A luz que sem pedir invadiu sua solidão, passava pela janela e refletia naquela pele clara.
Acho que tudo isso começou no verão de 97.
Desculpe, não quero parecer inconveniente, mas ser o que sou, não foi uma opção. Você aceitando, ou não, sou.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cisne Negro

Seus olhos bem delineados, marcantes, profundos, chegam a assustar. Uma expressão marcada.
Ela não sente medo, é decidida, faz o que é preciso e pronto.
Ela escolheu seu caminho, não que esse seja o melhor, mas foi capaz de erguer a cabeça e decidir.
Nunca está sozinha, sempre acompanhada das piores companhias.
E quer saber? Ela conseguiu suas asas e instantaneamente aprendeu a voar, ela pode fugir agora, qual vai ser o problema? Está totalmente certa em arriscar.
Não, também não é a mesma de antes, e não pensa em quem vai ser, deixa o reflexo do que é, decidir isso.
Ela atingiu a perfeição, dentro dela pelo menos, o que foi suficiente para se tornar segura, mas é que essa segurança se tornou um mal, já não pensa no que existe a sua volta.
Ela.... Descobriu-se.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cisne Branco.

Tem nos olhos o pedido de socorro, está presa e a única barreira, ah, é ela mesma, claro!
Sente medo, sem saber direito qual a fonte.
Ora quer, ora desiste. Ela só não sabe direito pra onde ir.
Ela é sozinha e acha que assim já está bem acompanhada. No fundo ela é frágil,
suplica para que algo a liberte, quer suas asas, e quer também, aprender a voar.
Não é a mesma menina de antes, não sabe quem foi, que dirá, quem ira ser.
Ela quer ser perfeita, mesmo sabendo que é impossível, o que é perfeito para ela, deixa a desejar a outros, e sim, ela se preocupa com o que os outros vão pensar.
Ela é fria, na verdade, com o passar do tempo se tornou fria.
É agonizante a maneira com que se culpa.
Ela não queria descobrir o que havia por dentro dessa identidade forçadamente
imposta. Mas descobriu....

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Menina.

O problema não está em você, pelo menos não somente em você. Nós não somos mais as mesmas pessoas e a sua presença já é algo substituível, machuca ouvir isso, eu sei, mas machuca mais ainda aceitar que vai ser assim daqui pra frente. Não por vontade própria. É que eu não entendo esse seu jeito, as vezes tão segura de si, as vezes escondida atrás da verdade que lhe for mais confortável. Não, não é com essa pessoa que eu convivi todos esses anos. E é a pessoa que você está se tornando agora que vai te deixar sozinha.
Deixa disso menina! Coloque as coisas no lugar, onde elas estavam antes, no lugar delas! Não se esconda, não ache que esse caminho é o melhor. Eu jurei que estaria com você e eu vou estar, não ao seu lado, não acompanhando a seqüência de erros que irão de vir, vou estar com você de outra maneira, vou pedir para que faça a escolha certa, mas não vou pedir para você.
Nós que conhecíamos cada sentimento uma da outra, nós que já brigamos tantas vezes e como sempre no final era um abraço e mais algumas promessas que se quebravam no dia seguinte. Não menina, nós não nos conhecemos mais, e os abraços não tem sentimentos, são vazios, menina, você quebrou todas as promessas e agora talvez não vai haver mais tempo de fazermos outras.
Se um dia desses sentir saudades de como as coisas eram, você pode me ligar, ou pode vir me ver, eu estou no mesmo lugar. Seguindo em outra direção, com pessoas diferentes. Quem sabe posso te esperar um dia desses.
Mas menina, me desculpe. Tudo acabou aqui.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Encontre o final da história.

Que ultimamente eu tenho pensado em você com bastante frequência é fato, mas eu não saberia te dizer se isso é bom ou ruim. Você diz que precisa de alguém, diz sentir falta de alguém. Eu me pergunto se você ainda não percebeu. Você insiste em repetir que eu sou tudo, mas você sempre volta atrás por medo. Você diz que tudo o que quer é me ver, mas sempre que eu tento te mostrar isso de algum jeito, você se afasta. Você me faz entender que sou eu, mas sempre diz algo sobre não ter alguém, sobre não conhecer alguém que saiba cobrir o seu vazio. O que eu estou fazendo aqui então? Qual o seu medo? Eu não vou te deixar, não saberia te deixar. Eu estou aqui por você, lembra? Você foi a única pessoa que soube me ajudar, então me deixa cuidar de ti agora que quem precisa é você. Eu juro não te deixar nunca, eu juro te amar, eu juro curar todas as feridas, eu juro ser quem você precisar que eu seja. Eu não quero desistir de você, eu não quero desistir disso. Porque eu já quase desisti de mim, mas não posso desistir de ti, eu não quero. Mas talvez seja apenas coisa da minha cabeça, então talvez seja melhor deixar pra lá. Só que você diz que não sabe viver sem mim, mas me diz então, qual é o seu medo?


Luciana Klier