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sábado, 26 de março de 2011

Mais do que amor.

Era uma tarde, meio vazia. Não muito diferente de outras.
Estava sentada ao chão, abraçando as suas pernas, com os pés descalços, olhando para fora da janela, uma rosa e um céu azul. Seus olhos brilhavam ao refletir do sol, encostou a cabeça na parede, respirou fundo, e sem querer uma lágrima caiu dos seus olhos. É uma coisa que machuca sabe?
Não tenho argumentos muito convincentes para explicar porque eu não te liguei até agora, mas está doendo, você já se tornou meu ar, não consigo viver com a sua ausência. E também, não quero.
Eu me lembro de cada palavra, eu imagino todos os sorrisos, eu desejo os abraços, eu desejo você.
E um dia alguém atreveu a me perguntar se eu estaria apaixonada, obviamente respondi que não.
Então foi mais audacioso ainda, e me perguntou se eu estava amando, mais rápido do que da primeira vez, respondi que não.
Até que depois de algum tempo em silêncio, me perguntou o que havia de errado, se eu não amava, porque sentia tanto?
Pensei em não tentar responder, mas não quis aparentar desinteresse.
- Sabe, quando você cuida de alguém como se fosse sua própria vida. Ou pelo menos, deseja, com o mais profundo e verdadeiro sentimento, poder cuidar?
É como se você não precisasse de mais nada, e acho que realmente não preciso, como se nada conseguisse te alcançar porque você chegou ao lugar mais alto que poderia chegar e atingiu a glória de um humano? É respirar alguém. É olhar para o nada e imaginar tudo, ter momentos que não aconteceram, gravador na memoria, todos planejados para acontecer. Sinceramente, você não vai me entender. Mas é mais que amor, é uma necessidade incontrolável de amar.
E eu acordei, peguei o telefone, e te liguei.
Só pra dizer que te amo, só pra dizer que sinto a sua falta. Só pra dizer que não vivo sem você.

Verão de 97.

Seus pés gelados, na verdade seu corpo todo. As lágrimas cortavam aquele rosto delicado enquanto caiam, eram como pedaços afiados de gelo escorrendo pelos olhos.
Estava quase só, fez daquele silêncio, quase doentio, uma companhia, por dentro euforia, movimento. Por fora a calmaria, agonia, a ponto de que conseguia sentir a pulsação do seu sangue, correndo pelas veias. A luz que sem pedir invadiu sua solidão, passava pela janela e refletia naquela pele clara.
Acho que tudo isso começou no verão de 97.
Desculpe, não quero parecer inconveniente, mas ser o que sou, não foi uma opção. Você aceitando, ou não, sou.