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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Gritos do silêncio.


E ela grita como se em alguma outra rua, ou outra cidade, alguém que a ouvisse expressasse alguma relevância  pelas bambas de seu drama. Qualquer outra pessoa distante que ainda não tenha decorado o show. Qualquer pessoa que, além das que estão por perto e não ouvem suas estridentes vibrações ecoarem, acatasse-a e em seguida permitisse sua submissão.
Mas ela não entende que não adianta. Não entende que enquanto seus gritos forem sempre desesperados e sem fundamento, não passam de silêncio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nós embaraçados.

Eu sempre achei que precisava de alguém para dançar com bastante gingado e contato aquelas baladinhas que só eu conheço. E nem são bregas, juro.
Sempre achei que faltava uma parte (quase uma metade, pra ser sincera) para o meu bem querer, sentado naquela pedra larga embaixo do céu azul e da árvore florida.
Sempre imaginei alguém que sem precisar forçar uma intimidade que não existe, balançasse a cabeça em um sinal positivo quando eu abrisse a boca e derramasse meu mar de pensamentos.
Sempre achei precisar de alguém que puxasse a minha mão e me arrancasse da inércia que me continha para correr com os pés na areia molhada de onda recém chegada.
Alguém que tirasse meus óculos de acetato com cor que combina com meu humor, antes de me beijar porque sabe que as lentes embaçam.
Alguém que entendesse meus detalhes e desajeitos sem que eu precise contar.
Aí me aparece você.
Me tira para dançar enquanto toca minha balada tonta, e mais do que isso, dança comigo até na rua só porque sabe como eu gosto de dois para lá, dois para cá e nossos nós embaraçados.
Aí você senta no cantinho da pedra coberta pelo sombreiro, invade meu silêncio com o teu e vai mais longe quando me entrega uma lembrança mandada pela árvore florida.
Depois você me faz correr sem nem perder o folego, por metros e metros à beira mar. Ainda ousa segurar a minha mão.
Pois é, você tirou meu óculos vermelho para depois me beijar.
Mas veja bem, eu sei dançar sozinha, não preciso correr e posso perfeitamente ficar com meus óculos até a hora de dormir.
Só que no teu eu tem tanto do meu que me transbordo e me perco de mim.