As coisas mudaram de novo.
O universo engrenou de uma só vez todo o maquinário do meu dia a dia.
Meu vulcão voltou à ativa.
Esqueci os protocolos. Não sei o que dizer quando me perguntam das novidades, dos motivos e das conseqüências É tudo novo ao mesmo tempo que é continuidade.
Hoje é sábado, devem ser uma cinco ou seis horas da tarde (eu me perco na dualidade dos meus universos quando estou cercada por meus pensamentos), indiferente da exatidão, essa é a hora que eu mais gosto no dia e também a que mais me faz doer; é próxima do silêncio (enlouquece), da calma (enfraquece), às ruas quase vazias enquanto o que as enche de solidão corre para o tão aconchegante lar. Eu sempre ouço algum pássaro cantarolar a despedida do sol sentado na minha janela. Mas hoje, ah, hoje não teve sol. Só a minha escuridão projetada e a chuva que escorria quase feito lágrima. Falando nisso, me afoguei com um soluço choroso e me engoli na realidade. Essa maldita é sempre tão mal educada. Tão racional. Platão que me desculpe mas essa historinha não é pra mim.
Mas veja bem, não é de todo mal, agora eu tenho uma banda nova para ouvir e lembrar de alguém. Seu Cuca é realmente ruim. Acho que o amor além de cego, teve a fineza de ser surdo. Quão adaptável o pobre é. Mas não vamos falar de amor porque é só uma banda nova, nada demais. Uma banda nova, um cheiro que ficou naquela blusa cinza que eu nem gostava até me fazer lembrar de você, e um sorriso que ficou guardado, um olhar que ficou encantado, e um beijo que ficou marcado, e essas coisas todas que ficam. Sabe como é.
Eu conversei com as paredes sobre isso, enquanto tomava um café meio gelado, meio mal adoçado e meio ruim. Eu estava sentada no piso por terminar da reforma constante que tem aqui dentro e no vazio de toda essa desorganização tocou um blues que me tocou, aí as paredes cantaram:
não se engana meu bem, teu equilíbrio está nas bambas do teu coração.
Bendito vulcão em erupção.